Enyalius, meu lagarto verde
A primeira vez que esse camarada apareceu no quintal, o vi de relance. Bati os olhos nele, por acaso, quando esbarrei num galho enquanto passeava pela mata. O meu medo e a beleza dele me surpreenderam - vê se pode um homem da roça ter medo de uma lagartixa!Isso foi no ano passado. Agora, essa semana, fui pegar pelo cabo um dos três cocos verdes que trouxe da praia e senti que tinha pego junto alguma coisa áspera, e que me mordiscou a mão. Era o lagartinho verde de novo.
Soltei o coco e vi o bichinho correndo, todo espantado e sem encontrar onde se esconder. Perdi a vontade de beber água de coco e criei coragem para caçar o lagarto. Peguei ele pelo rabo e vi que suas patas tinham dedinhos que se agarram como uma esponja, improvisando essa fotografia feita com o celular. Tirada à noite, a imagem acabou ruim, reconheço. Mas é um bom registro do nosso segundo encontro, terminado quando o soltei na beira da mata lá de casa. É o lugar dele. Talvez na próxima semana, ou no próximo ano, a gente se reencontra.
Os lagartos são muitos. De muitos tamanhos, hábitos ou cores. Não conheço a espécie e, pesquisando na internet, descobri apenas que se chama enyalius ihenringil, ou, simplesmente, "lagarto verde". Não são venenosos. E os seus dentinhos cerrados, que mais parecem uma lixa 100, não perfuram a pele da gente. São endêmicos da mata atlântica e têm tudo a ver com o verde que defendemos, e do qual falamos tanto.
É uma graça. Já estou com saudades.