segunda-feira, 17 de dezembro de 2012


     Enyalius, meu lagarto verde

     A primeira vez que esse camarada apareceu no quintal, o vi de relance. Bati os olhos nele, por acaso, quando esbarrei num galho enquanto passeava pela mata. O meu medo e a beleza dele me surpreenderam - vê se pode um homem da roça ter medo de uma lagartixa!
     Isso foi no ano passado. Agora, essa semana, fui pegar pelo cabo um dos três cocos verdes que trouxe da praia e senti que tinha pego junto alguma coisa áspera, e que me mordiscou a mão. Era o lagartinho verde de novo.
     Soltei o coco e vi o bichinho correndo, todo espantado e sem encontrar onde se esconder. Perdi a vontade de beber água de coco e criei coragem para caçar o lagarto. Peguei ele pelo rabo e vi que suas patas tinham dedinhos que se agarram como uma esponja, improvisando essa fotografia feita com o celular.  Tirada à noite, a imagem acabou ruim, reconheço. Mas é um bom registro do nosso segundo encontro, terminado quando o soltei na beira da mata lá de casa. É o lugar dele. Talvez na próxima semana, ou no próximo ano, a gente se reencontra.
     Os lagartos são muitos. De muitos tamanhos, hábitos ou cores. Não conheço a espécie e, pesquisando na internet, descobri apenas que se chama enyalius ihenringil, ou, simplesmente, "lagarto verde". Não são venenosos. E os seus dentinhos cerrados, que mais parecem uma lixa 100, não perfuram a pele da gente.  São endêmicos da mata atlântica e têm tudo a ver com o verde que defendemos, e do qual falamos tanto.
É uma graça. Já estou com saudades.