sexta-feira, 2 de maio de 2014

   O imoralíssimo caso Cláudio. Ou, a que ponto chegou a Câmara...

Cláudio demorou a responder e ainda não deu uma resposta à altura
   Um desafeto do vereador Cláudio Mello fez uma denúncia contra ele na Câmara, o que supostamente originaria o seu afastamento do cargo. É o que se ouve falar desde a última semana, e deve ser por isso que o edil abriu a fila na quinta-feira da semana passada quando, mais uma vez, foi esvaziada a sessão que o “cassaria”.

   Me interessa pouco o assunto, e acho isso um varejo político sem tamanho, mas acho que os vereadores estão equivocados. Pelo que lí, Cláudio teria pego R$ 15 mil do José Alexandre para a campanha do Biscaia. E este, depois que descobriu sobre a doação, teria esculachado o arrecadador de campanha, dando-lhe o dinheiro que já havia sido gasto, para que fosse devolvido. A mulher do então candidato, que seria Promotora Pública, também entra na história, e estaria pronta para confirmar o caso na Justiça.

   O enredo é bom. E na cabeça das mentes criminosas que o engendraram, dá até filme em Hollyood. Mas, gente acostumada ao crime pensa só no crime em sí, e em suas vantagens, nunca nas suas consequências, daí vermos grande chance desse caso sofrer uma natural reversão.

   Ao que se sabe, o suposto crime envolve quatro pessoas num certo período: um vereador, um deputado, uma promotora e um corruptor. O último vai negar até o último fio de cabelo que deu dinheiro; o primeiro já nega isso desde que o boato surgiu, e o casal de promotores menos motivos tem ainda para sustentar essa história. Se não me falha a memória, um agente público que sabe de um ato ilícito, ainda mais um que o envolve, e não o denuncia, está também cometendo crime. E esses dois, pelo que informam os autores dessa fantasiosa história, saberiam do crime desde quando ele teria ocorrido.

   Passado o susto, o vereador deve reconhecer hoje que errou ao não enfrentar os seus algozes quando foi ameaçado. E, passado também os primeiros dias do quiproquó na Câmara, e os feriados que ocorreram no período, vão se esvaindo os resquícios de comentários que ainda se ouvia nas esquinas sobre a desaprovação das contas do prefeito, que é a causa do caso. Aos olhos do cidadão comum, o escândalo dos R$ 15 mil do vereador tornou-se mais interessante que os R$ 13 milhões do prefeito, contribuindo para isso a passividade do edil diante da inesperada acusação que sofreu. “A reação do vereador foi tardia, lenta e ineficiente. Cláudio viu o cavalo passar arreado, e só tentou montar nele depois que o bicho tinha virado a curva...”, já disse.

   Embora tenha servido bem para encobrir um caso grave, essa onda contra o vereador do PT também deve virar marola em breve. O petista tem se mostrado bom de acordo e, de acordo com o que se viu até agora nos bastidores, já está acordado que a “paz” voltará no reino dos vereadores.

   Fosse tentado contra o Carlão, ou o Habib, por exemplo, golpe  similar não prosperaria. De tanto apanharem, estes aprenderam a não bater à toa, o que os possibilita reagir à altura, e de forma mais eficiente, quando agredidos. Daí, não devem se considerar grandes estrategistas políticos aqueles que engendraram o plano macabro contra o inocente vereador. Foi um péssimo golpe e que, apenas por acaso, segue dando certo.

   Para uma próxima, caso depois de revertido esse triste episódio os interessados ainda queiram insistir na senda do crime, surgiro lerem atentamente antes os romances de Agatha Christie, Arthur Conan Doyle, Edgard Allan Poe, Scott Turow, James Ellroy ou Nicholas Blake. Boa dica, também, sãos os novatos Gregg Hurwitz, norte-americano, e a sueca Camila Lackberg. Podem não aprender a cometer o crime perfeito, porque ele não existe, mas vão conhecer histórias bem melhores que aquelas que vem inventando, inclusive essa que pegou o Cláudio com as calças nas mãos.