quarta-feira, 28 de maio de 2014

“Políticas pontuais não podem substituir as políticas públicas”

Roberto Rocco fala de convite do PT para pré-candidatura ao estado do Rio


Dirigente nacional do PV, Rocco falou de políticas ambientais e biodiversidade
A bancada do Jornal Diário, na Diário TV canal 4, recebeu nesta quarta-feira, 21, o ambientalista e dirigente nacional do PV, Roberto Rocco, que durante a entrevista falou sobre o convite para ser o vice da chapa do Senador e pré-candidato petista ao governo do estado Lindbergh Farias, da organização dos partidos nesse período pré-campanha e também da necessidade de implantação de políticas públicas na gestão ambiental dos municípios. Fundador da legenda, Rocco enalteceu os conceitos de cidadania, ética e sustentabilidade, com base nas ideias do Partido Verde.
Rocco defendeu, entre outros itens, a vocação do Rio como um polo de economia criativa, a regularização fundiária, a conexão dos municípios e a valorização de serviços como mobilidade, saúde, educação e banda larga para todos, em vez de obras com data marcada para inauguração. Questionado sobre a aliança com o PT, Rocco enalteceu a possibilidade de mudança no governo estadual. “O partido Verde acredita num projeto de transformação. A política tem que estar diretamente ligada com a população, ou seja, com cada um que compõe a nossa sociedade, essa relação tem que ser muito próxima. De forma infeliz, ultimamente a política está muito divorciada da sociedade e permanentemente as pessoas acabam adotando a descrença com as entidades políticas e isso fragiliza nossa democracia. Nesse sentido o PV aposta na repactuação com a sociedade. Esse projeto junto com o Partido dos Trabalhadores nos acena com uma possibilidade tida como fundamental pelo nosso partido que é a alternância no poder. Temos um mesmo partido dominando o nosso estado há quase vinte anos. Assim, com a possibilidade de colocar as nossas preocupações elencadas no programa de governo do PV dentro do projeto de governabilidade do senador Lindbergh Farias, apoiamos e aceitamos o desafio. Em recente encontro nacional, o PV estabeleceu as bases políticas da proposta verde para o país e para os estados através de dez diretrizes para um programa de governo a partir de três eixos: a superação da miséria; combate a crise climática e ao aquecimento global e a Reforma Política. As dez propostas visam um Brasil comprometido com as pessoas e com o meio ambiente”, explicou Rocco.

- Participação popular nas eleições e nos partidos políticos

O ambientalista também falou do processo de ampliação e captação de filiados iniciado historicamente às vésperas de pleitos, como esse ano. Para ele, o fundamental não é inchar os partidos de filiados, mas sim encontrar na sociedade os mais variados tipos de demandas para que as políticas públicas propostas sejam embasadas nessas realidades que compõem nossa sociedade. Rocco falou da busca pelo cidadão comum. “O Partido Verde procura dialogar com a sociedade de forma constante, evidentemente que com alguns setores mais do que outros, mas com a preocupação de ser uma conversa rotineira e constante. E nos mais diversificados segmentos. Nós não podemos mais ter uma sociedade dividida como tem acontecido. Uma sociedade partida onde o desenvolvimento econômico não fala com o setor sustentável e ambientalista não é boa para o nosso futuro. O cidadão comum precisa ser ouvido e buscado, sempre. Quando vemos os exemplos de corrupção e desvio de recursos públicos, vemos estampados a ausência da prática cidadã de zelo e gestão do que é público. Precisamos ouvir mais a sociedade”. Enalteceu.
Ambientalista e músico, Rocco mora no Rio de Janeiro desde 1979. Como gestor ambiental já atuou na área publica e no terceiro setor. Como membro da executiva nacional do PV atua como secretário nacional de Mobilização. Também sobre a necessidade de participação da sociedade nos partidos foi categórico: “Quanto mais o cidadão de bem se afastar da política, mais os mal intencionados vão encontrar terreno propício ao crescimento dos desmandos e da corrupção enraizada. Portanto, se você é um cidadão de bem, procure um partido político e proponha mudanças. Filie-se e concorra para representar a sua realidade e fazer de fato a diferença. Precisamos parar de reclamar e começar a propor mudanças”, finaliza.

- Soluções ambientais passam por políticas públicas responsáveis 

Tendo em vista o chamado norteador do desenvolvimento sustentável, Rocco lembrou dos princípios defendidos pelo partido e lembrou que a mudança precisa: atrair desenvolvimento econômico promovendo justiça social e equilíbrio ecológico, com o apoio da governança. O ambientalista enalteceu a preocupação com a ocupação ordenada do solo e lembrou que a omissão desse fator deixa as comunidades suscetíveis as grandes tragédias ambientais. Rocco falou das vocações que precisam ser trabalhadas em nossa região.
“As políticas pontuais são paliativos que não resolvem problemas estruturais e no longo prazo representam risco para a sociedade. Aqui na Região Serrana, sobretudo em Teresópolis, percebemos uma vocação clara para a chamada Indústria Limpa. Precisamos de instrumentos públicos para desenvolver e potencializar essa vocação e possibilidade. Na agricultura orgânica, por exemplo, Teresópolis já aparece como destaque absoluto em nosso estado. Essa produção tem um mercado em franca expansão e vemos a coragem dos produtores de Teresópolis, que sem apoio nenhum do governo, colocaram sua produção na rua e disponibilizaram seus produtos. Parabéns para todos esses produtores, mas isso precisa ser política pública. Tem que ter o olhar da governança para atender de fato essa potencialidade de crescimento. Pela proximidade que a cidade tem com a capital e suas características de clima e atrativos, a vocação para o turismo de negócios, de visitação, esportivo, enfim, todos esses segmentos, precisam ser trabalhados pelo setor público. Por fim, a vocação de uma cidade como polo de educação e pesquisa, também precisa ser incentivada e pensada por aqueles que ocupam o poder público. Essa pode ser uma cidade universitária, da pesquisa, da vocação acadêmica, da produção de conhecimento e inovação. Nesse tripé, onde estão contempladas a indústria de tecnologias limpas como a agricultura orgânica, por exemplo, com a vocação turística e a possibilidade do polo de conhecimento e pesquisa, podemos vislumbrar uma cidade e região com projeto de desenvolvimento sustentável e responsável”, finalizou.