sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

   Em 111 anos, desde 1902, quase 100 jornais foram criados em Teresópolis

Até 1977, os jornais locais eram compostos letra por letra

     Desde 1977 atuo na imprensa de Teresópolis. Comecei na Gazeta, de Gilda Lopes e Pedro Helios, e foi onde fiquei íntimo dos problemas da cidade. Convivi com os professores Armando Lauria e Renato Paula, e aprendi muito também com os linotipistas, repórteres e o pessoal da oficina que passei a chefiar um ano depois de conhecer Teresópolis. Tipógrafo desde os 14 anos, li muitos textos interessantes no original, livros inéditos até, escritos à mão ou à máquina, o que me provocou o gosto pelas letras. Onze anos depois, em julho de 1988, quando ainda circulavam apenas os jornais “Gazeta” e “Teresópolis”, criamos O NOTICIÁRIO, tablóide de circulação semanal que passou a DIÁRIO em 1994, quando já era o primeiro em vendas nos finais de semana e a cidade tinha visto surgir vários outros hebdomadários, entre eles, A Folha de Teresópolis, Comunicação, Jornal do Muro, O Tempo, Mundo Cristão, SOS Terra, Novo Jornal Serra+Mar, Face a Face, Jornal Cidade e Jornal da Cidade.

     Passaram-se quase quarenta anos e muita coisa mudou na imprensa desde então. A Gazeta saía aos sábados em 77, passou a circular três dias por semana em 78, e já saía todos os dias a partir de 79, encerrando as atividades trinta anos depois, em 2009, quando era dirigida pela jornalista Nida Rego. O Teresópolis Jornal era o principal semanário da cidade em 77 e, depois de ter circulação diária por um curto período, voltou à circulação semanal, o mesmo acontecendo com A Folha de Teresópolis que também aventurou-se diário. Outros jornais surgiram nesse período e, entre tantos extintos, se mantém nas bancas A Verdade, Jornal da Cidade e Gazeta Fluminense - este, uma continuidade do semanário Voz da Região e, depois, Voz de Teresópolis, jornal que o ex-prefeito Jorge Mario e seu secretário José Alexandre apadrinharam e o transformaram em diário, em 2009, para desbancar O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS.

     Nesse período, a cidade viu muito jornal abrir e fechar. Vimos vários semanários passarem à circulação diária e, pela inviabilidade de se estabelecerem, ou mesmo por incompetência, ou intenção dúbia, os assistimos voltarem à cômoda circulação semanal.

     Voltando alguns anos, à época do surgimento da cidade, podemos ver que muitos outros jornais também surgiram e acabaram, mantendo-se por pouco tempo, ou sobrevivendo por mais tempo aqueles que tiveram maior capacidade. O “Theresopolitano” foi o primeiro jornal de Teresópolis, pioneiro que surgiu em 1902 e, depois de um período sem circular a partir de 1908, voltou com outra direção em 1912, se mantendo até por volta de 1916 ou 1917. Nesses primeiros quinze anos da debutante imprensa local, circularam também os semanários “Therezopolis” (1911) e “Gazeta de Therezopolis” (1913), além do “O Correio Popular” e “O Paquequer”, um desafeto do prefeito e, o outro, o apadrinhado, ambos existindo às turras entre eles até os primeiros anos da década de 1920.

     Em 1923, quando Teresópolis ressentia a falta de uma imprensa regular, surgiu o semanário “O Therezópolis”. Propriedade do político Olegário Bernardes, o jornal do irmão do presidente Arthur Bernardes tinha como diretor o jornalista Nilo Tavares. Titular da publicação, anos depois, Nilo acabou rechaçando Olegário, tendo este criado outro jornal, passando a reeditar a “Gazeta de Therezopolis”, em 1936, enquanto brigava na Justiça pelo título supostamente usurpado. Três anos depois, Nilo Tavares abandonaria o nome que disputava com Olegário, criando em 1.o de janeiro de 1939, o “Teresópolis Jornal”, ainda em circulação, sob a direção do ex-prefeito Roberto Petto. “O Therezopolis” não voltaria a circular e, nos anos 1980, legitimamente, o Teresópolis Jornal o incorporou à sua bonita história.

    Teresópolis Jornal e Gazeta de Teresópolis se mantiveram como os únicos jornais da cidade até a chegada do DIÁRIO, em 1988. Nesse ano, quando a política local mudou, “endurecendo” o regime, democratizava-se a tecnologia da composição e impressão de jornais, permitindo o surgimento de diversas publicações que não precisavam mais ter gráfica própria. Até então, usava-se a composição a quente, das linotipos, substituída naqueles anos pela composição eletrônica, modelo que foi aperfeiçoando-se até o surgimento dos escritórios em casa, ou home-office, onde se edita jornais com maior facilidade e sem necessidade de grande investimento.

     Antes de 1988, e depois do surgimento do Teresópolis Jornal em 1939, surgiram diversas publicações interessantes e que contribuiram para o processo da informação impressa no município. Entre os tantos jornais que circularam nestes 50 anos, destacam-se a “Folha de Teresópolis”, do político Roger Malhardes (1945); “Teresópolis em Tablóide”, de Wilson Martins (1950); “A Notícia de Teresópolis”, de Amaury Santos (1967); “Folha da Serra”, de Darcy Decarlo (1974); “Destaque”, de Roberto Jucá e Vânia Barros (1985); “Jornal da Cidade”, de Jheovah Silva (1987); e os títulos “O Município”, “O Pupilo” e “A Voz de Teresópolis”, ambos do político Augusto Pinto Nogueira, na primeira metade do ano de 1950. Tivemos ainda, entre 1939 e 1988, o “Pim Jornal”, “Cometa”, “Teresópolis em Foco”, “Correio do Estado”, “Teresópolis Evangélico”, “Diário de Teresópolis”, “Quarta Dimensão”, “Cachorro Quente”, “Folha do Ponto”, “O Serrano”, “Correio da Serra”, “Tribuna de Teresópolis”, “Primeira Página”, “Varejão”, “Rio Shopping”, “Top News”, “Iniciativa”, “Tereshopping Jornal” e o “Culturarte”, editado pela Secretaria Municipal de Cultura. Além, claro, de diversas publicação clubísticas, esportivas ou de interesses religiosos.

     Já se vão 111 anos que o teresopolitano leu as suas primeiras notícias num jornal seu. Durante todo esse tempo, quase 100 novos jornais se apresentaram ao leitor, tentando conquistá-lo. Assim, há mais um século o papel jornal vem ganhando vida através daqueles que ousam um veículo alternativo, sempre com a finalidade de deixar o público bem informado. Com raras excessões, quase sempre o papel de imprensa foi usado para se cumpra o verdadeiro papel da imprensa: que é o de informar com isenção e comentar com imparcialidade. Na coluna WanDerLey de hoje, em homenagem aos empreendedores da imprensa, apresentamos a relação dos jornais que já circularam em Teresópolis.

JORNAIS EDITADOS EM TERESÓPOLIS
THERESOPOLITANO, Eduardo Meirelles Sobrinho, 1902; THERESÓPOLIS, Lafayete Borges e João Brunet Ribeiro, 1911; GAZETA DE THERESOPOLIS, Leôncio Brunet Ribeiro, 1913; O PAQUEQUER, 1915; CORREIO POPULAR, 1918; O THERESOPOLIS, Olegário Bernardes, Euclydes Machado, Armando Costa e Nilo Tavares, 1923; OFF-SIDE, Pseudônimo Ninguém, 1925; TERESÓPOLIS DE BOLSO, Ernesto Moraes, 1928; A TRIBUNA, Paulo José Esteves e Ernesto Moraes, 1931; CORREIO SERRANO, Azevedo Silva, 1933; GAZETA DE TERESÓPOLIS (2ª fase), Olegário Bernades, João Círio Filho, José Américo Magalhães, Omar Duarte de Magalhães, Gilberto de Faria e J. A. Pires Ferreira, 1936; A MARRETA, Renato Ferro; TERESÓPOLIS JORNAL, Nilo Tavares, Délcio Monteiro, Wilson Martins da Silva e outros; Antonio Paulo Capanema, José Renato de Miranda, Marilene Queiroz Capanema e Rodrigo Capanema de Souza; Roberto Petto Gomes, 1939; FOLHA DE TERESÓPOLIS, Roger de Souza Malhardes e Heitor Indalécio Esmoriz, 1945; O MUNICÍPIO, Augusto Pinto Nogueira Filho, 1950; O MUNICÍPIO DE TERESÓPOLIS, José Carvalho Jannotti, 1952; O PUPILO, Augusto Pinto Nogueira Filho, 1953; PIM JORNAL, Rubem Alsina, 1955; COMETA, Jehovah Silva, 1955; TERESÓPOLIS EM FOCO, 1957; TERESÓPOLIS EM TABLÓIDE, Wilson Martins da Silva, 1959; VOZ DE TERESÓPOLIS, Augusto Pinto Nogueira Filho, 1960; CORREIO DO ESTADO, Renato Peixoto dos Santos e Renato Ferro, 1965; A NOTÍCIA DE TERESÓPOLIS, Amaury Amaral dos Santos, 1966; DIÁRIO DE TERESÓPOLIS, João L. Sorsonas, César Vieira Bastos, Armando Lauria e Roberto Rebelo, 1968; TERESÓPOLIS EVANGÉLICO, Irineu Dias da Rosa, pastor Assis Cabral e pastor Antonio Portes, 1968; GAZETA SERRANA, Alfredo Ferreira, Pedro Helios Forster Leite e Gilda Lopes Leite, 1970; FOLHA DA SERRA, Renato Langoni Ferro, Eloy Decarlo e D’Arcy Decarlo Junior, 1974; QUARTA DIMENSÃO, Luiz Carlos da Silva, 1975; CACHORRO QUENTE, Antonio Carlos Alves de Carvalho, 1976; FOLHA DO PONTO, Roberto Augusto Pitta e Manoel Pereira, 1977; GAZETA DE TERESÓPOLIS (antes, GAZETA SERRANA), Gilda Lopes Leite, 1978; O SERRANO, Fernando José de Carvalho Paulino, Sávio Silva Santos e Paulo Caminha, 1980; O ARAUTO, Alunos do Colégio Euclides da Cunha, 1980; CORREIO DA SERRA, Herval Faria, 1982; TRIBUNA DE TERESÓPOLIS, Waldair Queiroz, 1982; TABLOIDE ESPORTIVO, Humberto Nicolau, 1983; PRIMEIRA PÁGINA, Maurício Gaze e José Machado, 1984; VAREJÃO, Maria Luiza A. Silva e Souza, 1985; RIO SHOPPING, Ronaldo Corrêa, 1985; DESTAQUE, Roberto Jucá e Vania Barros, 1985; CLASSIFICADOS DA SERRA, 1985; TOP NEWS, Antonio Faria, 1985; VAREJÃO, Ricardo da Silva e Souza, 1985; INICIATIVA, 1985; TERESHOPPING JORNAL, Ronaldo Corrêa, José Soares, Homero Norberto Alimandro, Roberto Rebelo, Comte. Antônio Faria e Raphael Faria, 1986; CULTURARTE, Secretaria de Cultura da PMT, 1986; ESPECIAL SERRANO, Jandira Escascela, 1986; JORNAL DA CIDADE, Jehovah Silva, 1987; A VOZ DE TERESÓPOLIS, José da Silva Pereira, Marcos Pereira, Jandira Scacella e João Canali, 1987; NOTICIÁRIO DE TERESÓPOLIS (O DIÁRIO, 1994), Wanderley Peres, 1988; JORNAL DO MURO, Irineu Dias da Rosa, 1989; JORNAL COMUNICAÇÃO, Ronaldo Corrêa e Homero Norberto Almandro, 1989; A FOLHA DE TERESÓPOLIS, Nadim Kantara, 1989; FACCE A FACCE, Roberto Wagner Rocco e André Luíz Rodrigues Pinto, 1989; O TEMPO, Carlos Humberto Longobardi Vilhena, 1990; MUNDO CRISTÃO, Renato Langoni Ferro, 1990; SOS TERRA, Gilberto Teixeira e Marcio de Paula, 1990; NOVO JORNAL SERRA&MAR, Tony Marins, 1990; O TEMPO, Carlos Humberto Vilhena, 1990; TERESHOPPING, Roberto Rebello, 1990; PANORAMA CRISTÃO, Rubem Alsina, 1991; JORNAL CIDADE, Eduardo Rolin e Raul Silvano, 1992; CLASSIBAIRRO, Randolfo Nóboa, 1992; TOQUE CIDADE, Serjo Robert, 1992; TOP NEWS, Comandante Faria, 1992; JORNAL DO ESTUDANTE, Jandira Isabel, 1993; CADERNO ZERO, Cláudio Furtado e Marcelo Rato, 1993; JORNAL DA CIDADE, José Carlos Costa Mattos, 1993; TRIBUNA DE TERESÓPOLIS, Renato Langoni, 1993; FOLHA CRISTÃ, Rogério Branco, 1994; A VOZ DA REGIÃO, Maurício Aragão, 1996; ACONTECE, Fábio Esteves, 1996; JORNAL CATÓLICO, Adilson Zegur, 1996; TROMBETA, Cíntia Vasconcellos, 1999; O POVO DE TERESÓPOLIS, Delmo Ferreira, 1999; VITRINE CULTURAL, Renée Cohen, 1999; TERESÓPOLIS NOTÍCIAS, José Carlos Cunha, 2001; O POPULAR, Nelson Durão, 2002; A VERDADE, Gilberto Júnior e José Carlos Dias, 2003; ARQUIBANCADA, Alexandre Baltar, 2003; FOLHA DE TERESÓPOLIS, Nadin Kantara, 2004; CORREIO DA SERRA, Paulo Fadel, 2008; CORREIO DO INTERIOR, Rafael Santos, 2010; REVISTA ESPORTES, Sílvio Maffei Filho, 2010; TRIBUNA ALTERNATIVA, sem editores, 2010; OPINIÃO E FATOS, Willians Feitosa, 2011; A NOTÍCIA, Dermerval Casemiro, 2011; PIMENTA MALAGUETA, Alexandre Vanatiko, 2011; A VOZ DE TERESÓPOLIS, Maurício Aragão, 2011; GAZETA FLUMINENSE, Maurício Aragão, 2012; O CLARIM, Rômulo Santana, 2012; PONTO TERE. Hanna Scalli, 2013; GAZETA NEWS, 2013;