domingo, 30 de dezembro de 2012

Coluna WanDerLey, publicada neste sábado, no DIÁRIO

  Os vice-prefeitos de Teresópolis

     Nesta terça-feira, 1.o de janeiro, tomam posse da prefeitura o prefeito Arlei e seu vice, Marcio Catão, eleitos em 7 de outubro passado. É a volta da regularidade política em Teresópolis, findando um período de “exceção”, visto que estávamos sem vice há quinze meses. Pode ser que o vice ocupe função no governo ou que permaneça por quatro anos como substituto apenas. Pode até ser que assuma a prefeitura. Em Teresópolis, parece que tudo pode acontecer na política... 
     Nomeados, escolhidos ou eleitos, desde 1913, quando foi criada a prefeitura, Teresópolis teve quase cinquenta prefeitos. Trinta e poucos deles ocuparam o cargo por pequenos períodos até 1947, quando a partir da nova Constituinte de 1946, o país entrou na regularidade eleitoral que temos hoje.  A figura do vice-prefeito, no entanto, só surgiu em 1954, sendo que por mais de vinte anos, até 1976, a escolha desse substituto era feita em chapa separada. Eram duas campanhas distintas, não havendo, necessariamente, relação amigável entre uma e outra.
     O primeiro vice-prefeito de Teresópolis foi o advogado Osvaldo Pereira de Oliveira. Ele elegeu-se em 1954, assumindo a prefeitura 90 dias depois, entre 1.o de abril e 1.o de junho, com o afastamento do titular, José de Carvalho Jannotti.
     O segundo vice-prefeito de Teresópolis foi Irineu Dias da Rosa, eleito em 1958 substituto de Omar Magalhães. Não chegou a assumir o cargo quando a cadeira vagou, por treze dias, em 1962. Era período de eleição e, candidato a prefeito, Irineu se absteve, se abstendo também o presidente da Câmara, assumindo o vereador Paulo Nascimento que nem vice-presidente do Poder Legislativo era.
     Nessa eleição, de 1962, elegeu-se vice-prefeito o pracinha Avelar Silva, que acabou prefeito por trinta dias, durante o mês de maio de 1964, quando o prefeito Flávio Bortoluzzi esteve preso em Niterói. Não que Flávio fosse “ficha suja” ou tivesse algum problema com a justiça. Era o período dos militares no poder e, num ato arbitrário, Flávio acabou vítima de elementos radicais que em nome do chamado “Comando Revolucionário” o desapearam do cargo, levando-o preso para o Ginásio Caio Martins, em Niterói.
     Ao contrário dos primeiros, o quarto vice-prefeito de Teresópolis não teve a oportunidade de ocupar o cargo. Eleito em 1966, Pedro Jahara era o substituto do prefeito eleito Waldir Barbosa, sucedido pelo ex-prefeito Flávio Bortoluzi, eleito em 1970, que também não deu vez ao vice, Abel Cunha, no período 1971-1972.
     Depois da eleição de Flávio para o mandato de dois anos, em 1972 Teresópolis elegeu prefeito Roger Malhardes, que já tinha governado a cidade por três períodos, entre 1945 e 1954. Seu vice foi Cesar Mattar, que também não assumiu por tempo algum.
Em 1976, ocorreu a primeira eleição de prefeito e vice juntos, numa mesma chapa, sendo eleitos prefeito e vice Pedro Jahara e Luiz Barbosa. O mandato para essa eleição foi prorrogado para seis anos, ficando Pedro prefeito por cinco anos e três meses, assumindo a prefeitura por nove meses o vice-prefeito Luiz Barbosa. Pedro renunciou ao cargo para ser candidato a deputado e acabou perdendo a vaga, não concorrendo.
     Em 1982, elegeram-se Celso Dalmaso e Valdir Barbosa. E Celso cumpriu o mandato de seis anos, não dando chance a Valdir. O mesmo fez seu sucessor, Mario Tricano, eleito em 1988. Mas, para evitar “aborrecimentos”, Tricano desocupou a cadeira algumas horas antes de terminar o mandato, em 31 de dezembro de 1992, deixando no cargo seu vice, Roberto Rocha. Prefeito por um dia, Robertinho teve como único ato o ofício de dar posse ao prefeito eleito, Luiz Barbosa, que tinha Carlos Marenga como vice e que também não ocupou o cargo vez alguma.
     Na eleição de 1996, foi eleita vice-prefeita a médica Afaf Ribeiro. Vice de Tricano, que estava enrolado com a justiça num crime de inelegibilidade, ela já fazia campanha com um olhar na cadeira do prefeito, lugar que ocupou por seis meses, entre janeiro e junho de 1998. E, se numa conspiração velada, a vice de 96 assumiu, o vice de 2000 já teria aceito a dobradinha com a proposta de um mandato dividido. Se houve acordo ou não, o acordo acabou cumprido e o vice Roberto Petto acabou prefeito de abril de 2003 a dezembro de 2004, quando reelegeu-se para o cargo tendo como vice a ex-vice prefeita Afaf, a quem não deu chances de ocupar a cadeira de prefeito por tempo algum.
     O vice-prefeito eleito em 2008 foi Roberto Pinto. Era o substituto de Jorge Mario, que não deu vez pra ele hora alguma. JM, aliás, além de brigar com Robertão logo no início do governo, trancou o gabinete da Prefeitura quando foi afastado do cargo pela Câmara de Vereadores. Isso aconteceu recentemente, em agosto de 2011, e a história todos lembram bem: Robertão ocupou a cadeira de prefeito por três dias, morrendo no cargo de prefeito quando, desde então, estávamos... sem vice.