quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


  As escolas de samba e o carnaval


     O carnaval de Teresópolis não contou com a participação das escolas de samba este ano. Em 2013, a festa de Momo teve apenas blocos e shows. O evento pode ser considerado bom ou ruim, ou até ótimo ou péssimo, dependendo do olhar crítico e do interesse de quem faz a avaliação. Gostei dos shows, principalmente os dos grupos locais. As bandas da cidade são ótimas, o Dona Terezinha é o máximo e as marchinhas, de uns tempos pra cá mais presentes, a cada carnaval são mais apreciadas. Faltam mais matinês, melhor distribuição dos shows pelos bairros e mais apresentações de grupos locais, valorizando-se um maior número de artistas. É o carnaval dos sonhos, e tão almejado pelos que o realizam todo ano.

Comemorando os seus 50 anos, mesmo sem recursos públicos, o
Bambas da Serra desfilou esse ano. E fez bonito.
     Ao seu jeito, a prefeitura organizou um bom carnaval e a quarta-feira de ontem foi de merecidas cinzas para quem esteve, desde a última quinta-feira, nos bastidores da grande festa.

     A ausência dos desfiles carnavalescos, no entanto, merece uma reflexão do teresopolitano. Depois de estar com o carnaval semi-pronto e não pisar na avenida em 2011 por conta da Tragédia ocorrida um mês antes, as escolas de samba de Teresópolis não desfilaram também nos dois anos seguintes. Os motivos seriam as denunciadas irregularidades na utilização de recursos públicos, contas que foram verificadas como irregulares também pelo Ministério Público, já de olho no carnaval teresopolitano desde o governo passado.

     Enquanto a conta antiga não fechar, as escolas vão ficando sem dinheiro público nas suas contas. Por sua vez, a Liga que fazia de conta que prestava contas nem se tem conta se existe mais, nem contam mais com ela as agremiações carnavalescas, hoje à procura de um novo rumo. O lamentável ponto a que chegamos é resultado da proliferação de escolas, algumas surgidas, pelo que se viu, mais para buscar recursos públicos que para representar as comunidades na festa do carnaval.

     O quadro, no entanto, precisa ser revertido. E o improvisado desfile da Escola de Samba Bambas da Serra na última sexta-feira prova que Teresópolis pode voltar a ter um carnaval, mesmo sem subvenção em dinheiro por parte da prefeitura. Comemorando os seus cinquenta anos, o Bambas da Serra fez uma apresentação honesta, entrando no Parque Regadas com dignidade, merecendo o respeito e os aplausos dos que estavam por lá a espera de apreciar um bom carnaval.

     Carnaval é cultura. E, enquanto manifestação cultural, merece a devida atenção por parte do poder público. A prefeitura deve promover a sobrevivência das escolas de samba, permitindo ao público e às agremiações carnavalescas um desfile à altura da cidade. Precisamos de enredos que contem a nossa história, de um carnaval que divulgue nossos valores culturais e que sirva de lazer e orgulho para o teresopolitano.

     Quanto à malandragem verificada na utilização das subvenções, e que provocou a proibição do repasse de recursos públicos para as escolas, que ela seja punida exemplarmente. Que os presidentes, de liga ou de escola de samba, que eles paguem pelas irregularidades cometidas, servindo de exemplo para que os malandros que ainda se servem das escolas de samba procurem outro tipo de negócio para viver.