quarta-feira, 9 de janeiro de 2013


Jogadores do Bangu, de 1930, em frente a hotel, no bairro do Alto

  Teresópolis, a Capital do futebol

     Em agosto de 1930, atletas do Bangu estiveram em Teresópolis jogando no campo do União e se concentrando num hotel no bairro do Alto. Time sem grande expressão nos dias de hoje, naqueles anos, o Bangu era importante, chegando a conquistar o campeonato carioca de futebol do Rio de Janeiro em 1933.

     Filho do atleta Vivi, campeão de 1933 pelo Bangu, José Carlos Moura ofertou ao blog três imagens que o pai guardava dessa época e, curioso com o pano de fundo das imagens, quis saber mais sobre o cenário. Consultado o banco de imagens do Pró-Memória Teresópolis, foram esclarecidas as fotografias, principalmente as imagens que mostravam o jogador Vivi num campo de futebol e parte do time em foto posada à frente de um bonito prédio, provavelmente o hotel onde ficaram hospedados.
O prédio do antigo hotel, hoje colégio

     O campo é o do União, muito provavelmente. O "estádio" ficava no bairro do Alto, na esquina da rua Jorge Lóssio com Alfredo Rebello Filho, em frente à esquina onde existia uma loja de azulejos. Esse União vestia azul e passou a usar as três cores do Fluminense a partir do acidente de trem, na serra, quando morreram oito pessoas, entre elas, a maior estrela do Fluminense, o jogador Py. O tricolor carioca concentrou-se em Teresópolis, em março de 1930, na residência do presidente Arnaldo Guinlle, e jogou, também, no campo do União, antes de descer ao Rio de Janeiro na fatídica viagem. 

     Adversário do Teresópolis, que era outro time de futebol do bairro do Alto, o União fundiu-se a ele a partir da tragédia. Um deu o nome e o outro as cores, daí a origem do verde, vermelho e branco na camisa do Teresópolis Futebol Clube, time que sobrevive até hoje.

     O prédio da fotografia é um antigo hotel, onde passou a funcionar a partir de 1934 o colégio São Paulo, como bem define a imagem no box. Próximos a esse prédio, alterado e ainda existente, haviam nessa época, outras três construções interessantes: a casa de Henry Wilmot Sloper , o palacete do Comendador Gonçalo de Castro e o majestoso hotel Rizzi - que teria a fachada alterada nos anos 1990 para sediar um cassino, o que acabou não ocorrendo.


* Com informações do pesquisador Romildo Pires e do radialista Ayrton Rebello.
Dispor adequadamente os livros do acervo ao público,
a principal função de uma biblioteca pública

  Quem quer livros usados?

     Uma amiga divulgou nas redes sociais, dias atrás, que estava com diversos livros para serem doados. E, logo que postou a oferta no Facebook, outros informaram estar com o mesmo problema, com livros que não sabiam a quem poderia interessar.

     Em princípio, e muitos pensam assim, parece ser obrigação das bibliotecas públicas receberem esses livros. Mas, as bibliotecas não são, necessariamente, depósitos de livros e, em tempos de poucos ledores, elas vem encontrando dificuldades até mesmo para oferecer acesso aos tantos livros que já guardam, e dispor esse serviço com qualidade é a sua principal função.

     Encontrar alguém para receber o que quase ninguém mais quer guardar, ou se desfazer através de meios não convencionais de um bem que pode ainda ter valor pra alguém. Um grande dilema.

     Verdade é que o problema dos livros ofertados para doação é que eles são quase todos específicos, literatura técnica, tratando de medicina, administração, contabilidade... Ou estão ultrapassados, não interessando para quase ninguém mais. Tem também em quantidade os livros de novelas - quanta porcaria os autores americanos produziram! - cultura alienígena e mal traduzida, sem contar os exemplares de coleções incompletas, ou livros mal conservados.

     Mas, como existe também o risco, melhor, a expectativa de encontrar livros que prestem através destes anúncios de doação, bom seria que aqueles que queiram doar uma biblioteca ou um monte de livros, informassem os autores dos títulos ofertados, evitando assim a decepção dos que se interessem. Andei pensando sobre isso. Jogar fora? Colocar fogo? Não. Algumas obras mal traduzidas até merecem isso, livros ultrapassados também. Mas que crime hediondo fazer fogueira do pensamento escrito...

     Já pensou uma tenda, itinerante, com livros para doação? Um dia na Calçada da Fama, outro no Perpétuo, Meudon, Barra, aceitando e distribuindo livros, passando de mão em mão o conhecimento, proposta interessante num mundo onde é cada vez menor o número de gente interessada pela leitura...

     É uma idéia que deverá ser colocada em prática pela Cultura em breve, e se for bem assimilada pela população, fará sucesso.

     Pode estar aí a solução para o problema de quem tem livros para "jogar fora". Bom lembrar que sempre existe um pé descalço para um sapato velho e um livro, mesmo surrado pelo tempo, merece melhor destino que o lixão ou a fogueira.