sábado, 18 de janeiro de 2014

   O QUE ME ASSOMBRA EM TERESÓPOLIS


     “Não sou filho de pai assustado, nem nasci no dia do medo”. Bravata do tempo de criança, e que não passou despercebida na adolescência, a ouvi mais uma vez nos anos 1990, em Teresópolis. Afirmação do delegado Monerat Ventura numa entrevista ao Jornal da Cidade, ela define bem as pessoas que não se acovardam quando ficam acuadas, mesmo nos momentos de maior adversidade ou iminente risco.

     Lembrei, essa semana, do valente delegado que rendia bandidos perigosos com um simples olhar, e voltei aos tempos da escola quando alguns colegas usavam essa expressão para definir coragem e destemor, ao ser interpelado por um amigo que demonstrava sua indignação porque tinha ouvido numa rádio local, e também numa tevê do mesmo dono da rádio, coisas que ele não compreendia, nem aceitava. Por que eu não revidava, por que não retrucava com uma posição oficial sobre a campanha depreciativa que vinha sofrendo?

     A resposta sei bem, e dela evito dar conta, me incomodando a lembrança do que prefiro ignorar. Até já escrevi sobre isso, comparando a cães de rua aqueles que se sentem agredidos pelo sucesso alheio. “Os cães ladram e a caravana passa”, já disse. Mas fiz isso reservadamente, mais como registro de uma memória que prefiro esquecer um dia. Quem fala mal de mim na rádio e na tevê, soube, é um desequilibrado que os íntimos chamam de “Tarja-preta” e um condenado em prisão condicionada, e que responde, e respondeu, a vários outros crimes, de concussão a estelionato.  São elementos “respeitados” nos bastidores da prefeitura pelo mal que podem vir a fazer a quem ouse ser seus desafetos.  São bandidos que elaboram dossiês contra políticos e  secretários, e que vivem dos frutos desse labor há bom tempo.

     Ai de quem não pague a proteção a essa gente da “imprensa”, coitado de quem cair nas suas garras!

     Ora estão na rádio de um ex-prefeito falando mal do prefeito, ou na rádio de outro ex-prefeito falando mal de correntes políticas contrárias às dos  donos desta, ou justificando subsídios obtidos junto a certos tipos que não se envergonham de tê-los como conselheiros ou agregados.

     Em Teresópolis, a rádio, essa concessão federal que se obriga a um fim de interesse público, virou instrumento de beligerância política, ferramenta de semeio da discórdia e de desconstrução política. Para piorar, estão fazendo a mesma coisa com a televisão. De uns tempos pra cá, um canal de tevê a cabo da RCA virou até palco para seu dono encenar um papel que não conseguiu interpretar direito quando o viveu na vida real. Já reprovado pelas urnas, o desastrado paladino tenta a arte cênica e, se não consegue convencer pela interpretação ruim e o texto falso, faz repetir diversas vezes as “novelas” em que participa, revelando uma canastrice que nunca valerá a pena ver de novo.

     Pedra preciosa ainda a ser lapidada, Teresópolis acabou vítima desse modelo político instituído pelo crime organizado a partir de 1988, e que gerou tão indesejáveis crias. Essa corja se alimenta da intriga, e sua prole cresce como praga de jardim, engendrando planos para atacar a honra que invejam e destruir o sucesso que não conseguem obter. Recentemente, até o deputado que ajudamos eleger pelas suas propostas de combate a esse modelo juntou-se à matilha, e em troca de espaço, agora alicia órgãos estaduais a que tem acesso para o sustento da baixaria na cidade.

     Fosse no século dezenove, daria um tapa com a luva na cara de um deles, sinal de que faríamos um duelo para lavar a honra agredida. Um século antes disso, puxaria o gatilho de uma garrucha, ou mandaria dois ou três capangas darem uma surra com varas de marmelo em suas bundas desnudas em plena esquina do Império. Já se fez isso aqui, e se calou muito tipo igual com o uso da força em tempos menos “civilizados”.

     Hoje não se faz mais assim. Promovemos ações na Justiça contra esses criminosos, e passados os dias no lento mundo do Judiciário, nossos algozes vão pagar a conta. Os que têm dinheiro - ou ostentam ter! - serão punidos civilmente, e seus paus-mandados, empregados que apenas obedecem ordens, estes serão alcançados pelos homens da lei e tratados como bandidos que são.

     Não me afeta saber que esse tipo de gente existe, nem me afligem os seus ataques. São perdedores, fracos e incapazes para alcançar o próprio sucesso. Ignorados, viveriam à própria sorte e morreriam de fome porque já estão derrotados. Nem me incomoda ver fazendo coro com a escória pessoas que, em algum momento, fizeram parte do nosso seleto grupo de amigos. Estiveram entre nós, aproveitaram-se do nosso convívio, mas nunca foram um de nós. Me desagrada, me assombra até, é encontrar quem conhece a nossa história querendo versão para uma realidade que só existe no obscuro submundo desses fracassados adversários. Os cães ladram e a caravana sempre passou incólume.

     Aí, lembro mais uma vez da bravata dos meus colegas de infância. E percebo o quanto a vida nos ensina, e como somos produtos do meio em que vivemos. Meus desassombrados pais - e aí incluo os irmãos e familiares mais próximos - me ensinaram a viver com decência e me mostraram as qualidades que eu deveria almejar na vida. E, como não nasci no dia do medo, não temo o que os desqualificados poderão tentar contra mim e os meus.