sexta-feira, 25 de abril de 2014

"Nada está de todo ruim que não possa piorar"

   As notícias dos bastidores do poder naquela cidadezinha do interior são cada dia mais surpreendentes e quando se pensa que a coisa ficou de toda ruim, surge outro escândalo e a novela torna-se ainda pior. Faça sol ou o tempo nuble, ou chova de transbordar o poluído rio Paquequer, cada dia tem um capítulo diferente, principalmente na Câmara, onde as trapalhadas dos vereadores vem deixando coradas até as bochechas das periguetes menos recatadas.

   Nos escandalizamos quando, na última semana, os vereadores fugiram da reunião que votaria as contas do prefeito. É que tudo ocorreu como se nada de anormal houvesse na vergonheira.

   Oposição ao governo, um vereador que se achava acima do bem e do mal ainda esbravejou, faturando para a sua conta, e até ameaçando trancar a pauta, obrigando os pares a não discutir outro assunto antes de votar as benditas - e mal feitas - contas do prefeito.

   - Ora, pra que votar conta da prefeitura? Vereador tem é que fazer moção e requerimento, além de pedir braço de luz e trocar nome de rua...

   Agora, passado o recesso do feriadão prolongado, e a gente quase se esquecendo que existe Câmara na cidade, a edilança reuniu-se de novo e, mais uma vez, fugiu da sessão, deixando com cara de bobos todos que foram lá assistir as peripécias da pleiade.

   É que pegaram de calças arriadas o tal que se achava acima do bem e do mal e, acuado qual caça frente o predador, o rapaz foi agora o primeiro a fugir do plenário, desligando até o telefone tão abalado que ficou ao sofrer uma suposta chantagem.

   Ao que parece, não há mais o que fazer. A coisa desandou pra todo mundo, isso todo mundo também deduz. Mas, a oposição, que é também oposição ao vereador que hoje é motivo de escracho, acha que não. E é ela quem agora esbraveja, cobrando moralidade, exigindo compostura e procedimentos éticos na Casa do Povo, querendo favorecer-se com a desgraça alheia.

   Mas, hasteiam essa bandeira justamente aqueles que estavam a serviço do crime organizado que instituiu esse modelo político na cidade. Até então, quando a jogatina tomou conta dos morros e o jogo pesado começou a rolar no seio dos poderes executivo e legislativo, tudo acontecia dentro dos mínimos princípios da "moralidade". Dizem que até a corrupção na saudável cidade de montanha era feita de forma saudável.

   Sei não. Essa cidade precisa achar o seu rumo. E sumir com aqueles que a tiraram do prumo ou vivem de seu desaprumo...

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