quarta-feira, 16 de julho de 2014

O diário foi criado em 16 de julho de 1988

MEU QUERIDO DIÁRIO... DE TERESÓPOLIS


   Principal jornal de Teresópolis, único com circulação diária, O DIÁRIO surgiu de um sonho, da vontade de fazer um jornalismo que contentasse a pluralidade de opinião. Estávamos em julho de 1988 e a imprensa local compunha-se de uma emissora de rádio, a Teresópolis AM, e os jornais Gazeta de Teresópolis e Teresópolis Jornal, veículos de imprensa vinculados às duas correntes políticas dominantes na cidade, uma província às vésperas de grandes transformações, inclusive no campo das idéias. Tablóide de oito páginas, de circulação semanal, chamava-se NOTICIÁRIO até janeiro de 1996, quando já tinha o formato standard e o primeiro lugar em vendas. Diário desde 1 de março 1994, por dois anos, o jornal circulou com dois nomes: O Diário, saía de segunda a sexta-feira e O Noticiário aos sábados.

   Chegado o mês de julho, a gente sempre lembra dessa história. É uma data marcante para nós e que precisa ser festejada. É uma história bonita de lembrar, uma prova de que o sucesso pode ser alcançado com trabalho e persistência.

   E trabalho e persistência é o que mais tivemos nestes 26 anos. A primeira edição, por exemplo, já anunciava o árduo caminho a percorrer: tínhamos uma gráfica, de onde tirávamos o sustento da família e, nas horas de sobra do dia, ou seja, à noite, compúnhamos as matérias para o jornal que seria lançado no dia 9 de julho. Mas, a falta de acerto da máquina e os atrasos na composição do “jornalzinho” acabaram por fazê-lo vir a lume somente no dia 16. Nessa época, O DIÁRIO tinha composição mista. Textos eram compostos em linotipia, as “linhas de tipo”, e os títulos em tipografia, com letras individuais. E não tínhamos muitas caixas de tipo nem diversas linotipos. A máquina era uma só. Pertencia ao Diário de Notícias, tendo chegado a Teresópolis dez anos antes, servindo à Gazeta de Teresópolis, que acabava de comprar uma bateria de máquinas linotipos do jornal O DIA, último grande jornal do Rio de Janeiro a mudar para o sistema of-set. Era uma linotipo usada, e bem surrada. E era uma só. Os tipos, era o mesmo material da gráfica, que eram de poucos tamanhos, e também já bem usados.

   Duas semanas para fazer a primeira edição de um semanário. Nos próximos sete dias, teríamos que fazer o próximo jornal, com a metade do tempo. E foi assim nos primeiros meses. Com muitas dificuldades, superamos a marca das dez primeiras edições, mortal para as publicações alternativas. 

   Fizemos o primeiro aniversário, o segundo. E, no terceiro, ousamos mudar a forma de confecção do jornal, abandonando a impressão tipográfica. Compramos um computador XT 86 e uma impressora matricial e nos primeiros dois meses do jornal ele foi composto assim. Vieram as fontes carregáveis, o segundo computador, o primeiro AT 286, a impressora laser... Estávamos na era da modernidade, ganhando dinheiro de dia, com a gráfica, e nos aventurando à noite, com a edição do jornal.

   Mas, o dinheiro da venda nas bancas e dos poucos anúncios, das empresas de amigos como o Carlos Ramos, do Bar Calçada, e o "seu" Manoel, da Padaria Jóia, por exemplo, nunca era suficiente para pagar o custo semanal de rodar o jornal fora. Aliás, rodar o jornal em Petrópolis ou em Niterói, coisa que os semanários de Teresópolis ainda fazem, era outra aventura. Tínhamos que preparar a arte até às 14h de sexta-feira para mandar no ônibus das 15h para Petrópolis. Quando não conseguíamos fechar a edição a tempo, a solução era entrar no carro, um veículo velho que tínhamos, e atravessar a serra, voltando à cidade para, algumas horas depois, de madrugada, encarar a estrada de novo em busca do jornal impresso.

   Essa agonia durou mais de dois anos até que, em 1994, vendemos a gráfica, toda ela, inclusive a clientela, e compramos uma impressora off-set, também bastante usada. Nesse mesmo período, fizemos circular O DIÁRIO, que saía de segunda à sexta-feira, ficando a edição de sábado, um resumo da semana, com o já tradicional nome NOTICIÁRIO. A edição diária podia não vingar e não queríamos comprometer o nome do jornal de sábado. 

   Com máquina impressora própria e mais computadores na redação, e mais recursos com a chegada de novos anunciantes, a vida ficou fácil, diria o leitor que acaso ainda esteja se interessando pela nossa história. Mas não foi bem dessa forma. A máquina impressora que nos custou uma gráfica inteira vivia dando defeito e, raramente, o jornal ficava pronto no sábado de manhã.

   A partir de 1996, mudamos a redação para o centro da cidade, indo para um sobrado da rua Francisco Sá. Nessa época, os dois títulos passaram a um só e O DIÁRIO já era o jornal que mais vendia em todos os dias em que circulava, raramente perdendo uma venda ou outra para a Gazeta. E foi assim nos dez anos seguintes, até que no início de 2004, O DIÁRIO adquiriu sua segunda máquina. No mesmo ano, a máquina guerreira dos primeiros anos de 1990 foi trocada por uma impressora melhor e, três anos depois, chegou nossa impressora bicolor, que permitiu a transformação gráfica do jornal, impresso em cores partir de 2007.

   Essas máquinas planas, e que rodavam duas páginas por vez, não estão mais na cidade. Foram vendidas, a bicolor para o jornal Gazeta de Muriaé e as monos para Sumidouro. E, desde 2010, O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS é rodado em impressora rotativa, com capacidade de impressão para até 15 mil jornais por hora. Junto com a máquina rotativa, uma Goss Comunity de três blocos, veio também a tecnologia do fotolito. Os computadores também são outros, modernos, com transferência de dados simultânea entre a redação, que fica na Travessa Portugal, e a oficina, prédio próprio, de quatro andares, que fica no bairro Corta Vento.

   Chegamos ao Jubileu de Prata com grandes realizações. O sucesso do DIÁRIO é flagrante. Nosso jornal é hoje o de maior credibilidade no município. É responsável por 90% da venda entre os jornais locais, é o único diário da cidade, e o veículo de comunicação que mais emprega no município. É nas páginas do DIÁRIO que dizem o querem dizer aqueles que ainda ousam pensar, são as páginas do DIÁRIO o depósito de notícias que a cidade quer ler todo dia.

   Apesar da liderança absoluta, não nos acomodamos. O DIÁRIO está crescendo e em breve inaugura seu prédio próprio na Várzea, onde abrigará a redação do jornal e, ainda, os estúdios da Diário TV, emissora que surgiu em 2009, e já é mais assistida tevê a cabo da cidade.

   O DIÁRIO que diz o que quer dizer, e que é indiferente à vontade dos políticos que sempre tentaram colocar freios em sua prerrogativa de ser livre, percorreu esses 26 anos com enormes dificuldades. Foram muitas batalhas e a guerra diária pela liberdade de informar ainda não acabou. Já tivemos a redação fechada e já fomos incompreendidos por muitos. Somos alvo dos invejosos de plantão, e os incompetentes se deleitam com agressões gratuitas e calúnias que nos preocupariam se não tivéssemos o leitor fiel do nosso lado. "Os cães ladram, e a caravana passa".

   Depois daquela aventura que vivemos nos primeiros dias de julho de 1988, quando preparamos a ousada primeira edição do NOTICIÁRIO, fizemos outras 5 mil e tantas edições. É um outro tempo, uma outra realidade tecnológica, uma outra gestão. Mas, em nenhum momento ao longo dessas duas décadas e meia, O DIÁRIO mudou a sua nossa forma de pensar sobre a finalidade de um bom jornal. 

   Apaixonante, principalmente para os que a viveram, essa é a história do nosso DIÁRIO DE TERESÓPOLIS. 

Um comentário:

  1. É muito bom ver o crescimento de quem ama Nossa Teresópolis e deseja o crescimento dela junto com o seu. Conheço o Wanderley desde os tempos em que era Gráfico e admiro muito o seu trabalho. Parabéns e que Deus continue o abençoando nesta jornada. (Ivana Rebello - Barra do Imbuí)

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